13 de agosto de 2012
Sobre ir além
Deus deve ter me feito no vai-e-vem dos
quatro ventos. Só isso explicaria a minha instabilidade, minha falta de
chão. Eu voo. Eu vou com o vento. É, eu sou do tipo volúvel, ando
mudando de lugar. Tudo bem, eu sei que ser meio instável não é lá uma
característica das mais sublimes que alguém pode ter. Mas, eu sou.
Talvez seja um dos meus lados errados ou talvez não esteja usando a
definição certa ou talvez eu seja volúvel em um sentido mais leve da
palavra. Eu mudo constantemente, ando me adaptando a mim mesma de vez em
quando. Eu quero demais, não gosto de meios, entre duas metades há
sempre um vácuo. Não gosto de faltas, não sei lidar com ausências, sou
de tato. Quero muito e quero intenso, vou pra onde escuto o coração
gritar mais alto. Vou pra onde os braços são mais abertos e o abraço é
ninho – que esquenta. Vou pra onde o sorriso é mais largo e os olhos
brilham mais. É, eu sou do tipo volúvel, e isso não é falta de
personalidade, é sobra, acredite. Apesar de borboleta, apesar de efêmera
feito uma flor de anêmona, meus amores são de verdade e, apesar de
poucos, são intensos. Sou cara pro sol, sou vento nos cabelos. Vou mais
pelo que sinto, atropelo o que vejo. Sou do tipo que parte, sem nunca
ter chegado. E Deus deve ter me feito em cima da corda bamba. Só isso
explicaria meus passos miúdos, minha pressa em caminhar devagar. Eu vou e
não importa se vou querer voltar, eu quebro a cara se for preciso. Eu
me despedaço, eu me deixo despetalar. No fim, eu me refaço. E recomeço.
Sempre flor. Sempre inteira. Se isso tudo é ser volúvel, eu sou. Se isso
é defeito, eu assumo. Vou mesmo contra a corrente, aprendi a ser
teimosa.